Num fim de semana desses, estava na casa da minha mãe, fuçando nas milhares de fotos que ela e meu pai revelavam pra nós. Num minuto eu parei pra pensar que a sensação que eu tenho sobre o que aquelas fotos me contam, são muito presentes e muito fortes na minha vida de um jeito que eu jamais poderia imaginar.
Eu ainda não tenho filhos, mas fiquei pensando que se tivesse, com certeza me esforçaria pra ver toda a história da minha família, contada nesses pedaços coloridos de papel, que a gente se apega cada vez mais, com o passar dos anos.
Com os meus sobrinhos, eu faço questão de registrar o maior número de aventuras que eu conseguir, porque eu quero estar com eles a vida toda! Pra mim, cada memória que nós estamos construindo juntos, vai marcar toda a vida adulta deles. Eles irão crescer, com certeza criarão as próprias histórias, mas a infância... ahh essa infelizmente, eles não vão viver de novo.
Então veja por esse lado: eu (e toda a nossa família, claro) somos responsáveis por contar uma história que meus sobrinhos não tem consciência que está acontecendo agora. Eles não fazem a mínima ideia que daqui a alguns anos, vão morrer de saudade dessa infância despreocupada e cheia de férias que eles estão vivendo agora.
Nós adultos, nos prendemos em cada mínimo pedaço da infância que resta em nós e claramente nos ocupamos de preencher a infância das nossas crianças com aventuras, diversões, viagens, passeios com a escola, festas luxuosas e planejadas.
Tudo isso porque a gente sabe que vai passar, a gente sabe que dorme hoje com um bebê no colo, e amanhã ele já sabe andar, falar e quer fazer todas as coisas sozinho.
É num piscar de olhos que a nossa vida tão corrida dá lugar às lembranças do último feriado, da última festa, da última praia; então a gente precisa começar a cuidar da nossa história e das memórias dos nossos pequenos, porque quando eles se tornarem adultos, o maior desejo deles também será esse de se prender a cada mínimo pedaço de infância que sobrar.
